
Leia o artigo “Dilma e a sacristia” do Presidente do PTB Roberto Jefferson
PTB Notícias 8/04/2011, 9:42
Leia abaixo artigo do Presidente Nacional do PTB, Roberto Jefferson, publicado pelo jornal Brasil Econômico em sua edição desta sexta-feira (08/04/2011):Dilma e a sacristia”Ela vai moralizar a sacristia.
” Este foi meu comentário quando a agora presidente foi nomeada para o cargo de ministra-chefe da Casa Civil.
O motivo era simples.
Pelo que dela já conhecia, era capaz de restabelecer a moralidade lá onde, às costas de um vigário embevecido com a popularidade entre os fiéis, ocorriam tenebrosas transações.
Não me equivoquei, embora em certos momentos o local tenha sido frequentado por pessoas pouco pias.
Dilma, que assumiu em meio a reservas, conquistou um crédito de confiança entre os fiéis mais relutantes e a prova disso deve estar nesta edição de Brasil Econômico que os leitores têm em mãos.
Hoje, o antigo vigário anda em missão apostólica e se sua ausência não é muito notada, isso não significa que não pretenda reassumir a paróquia.
Muitos dão isso por certo.
Outros não esquecem de “por las dudas” acender uma ou outra velinha a outros santos ou ao inominável.
O único senão de Dilma é seu flerte com a complacência no que se refere à política monetária.
Política monetária não é matéria para seminaristas.
Os mais velhos lembrarão de Dilson Funaro, o ministro da Fazenda com alma de coroinha, política e economicamente abusado por um baixo clero, mais baixo que clero.
Em política monetária como em falcoaria, o papel dos pombos é sempre o de caça dos falcões.
Henrique Meirelles conhece as regras do jogo porque já foi um falcão, e dos melhores.
No jogo monetário, ainda mais num terreno adverso como o da instável economia internacional contemporânea, não há espaço para prudências, macro ou micro.
A prudência não salva o pombo.
É preciso entender que a estabilidade monetária, tão duramente conquistada, não é dos políticos nem dos banqueiros.
É do povo, o maior prejudicado, sempre, pela inflação.
Essa é uma questão tanto mais delicada pelo fato de que o risco de perdê-la nem sequer pode ser avaliado por mais da metade da população brasileira, que ainda não era nascida ou mal chegava à idade adulta quando os preços eram remarcados diariamente e os salários perdiam poder aquisitivo bem antes de serem pagos.
Que não se venha com o duelo entre desenvolvimentistas e monetaristas.
Esgrima há muito tempo se tornou esporte de poucos.
Em questões como essas, devagar não se chega nunca.
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ou se fica pelo caminho.
Para que o Brasil não fique pelo caminho, Dilma precisa fazer o que deve ser feito, por mais que isso contrarie o PT e um funcionalismo corporativamente míope o que, em muitos casos, dá no mesmo.
É preciso reduzir o endividamento público porque é isso que permitirá uma inflação duradouramente sob controle e juros também duradouramente civilizados.
Se ? o mais correto talvez fosse dizer quando -o vigário voltar, como o boêmio, Dilma terá sido presidente de um só mandato.
Não faz mal.
O que realmente importa é que ela tem a chance de passar à história como a presidente que fez o que precisava ser feito: as reformas indispensáveis, os investimentos prioritários -em particular na educação, com a formação em massa de profissionais que construirão o futuro, como faz a China.
É isso que fará do Brasil uma potência e de Dilma, uma estadista.
Pode ser doloroso por algum tempo, mas será benéfico para todos, inclusive para a atual oposição, num futuro que, temos o direito de esperar, será longo.